Pensamentos soltos + pitadas (ou palpitadas?) sobre cultura + poesias + punhado de histórias vividas ou não + contos e crônicas de uma ovelha negra bem colorida = salada bem temperada. Seja bem vindo e sirva-se à vontade!
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Feliz aniversário, São Paulo!
Essa é para os paulistas...
São Paulo amanheceu com discreto sol, em seu aniversário de 456 anos. Típico seria amanhecer nublada, cinza, garoando. Mas hoje não, é dia de festa, então vamos supor que até São Pedro quis uma Sampa mais iluminada, mais radiante.
A cidade que diz em seu lema, escrito em seu brasão, que "não é conduzida, conduz", de fato, é a cidade que conduz todo o país. Dependendo do ponto de vista, pode-se ler este lema com muita antipatia - ele soa arrogante. Confesso que quando descobri esta informação, me assustei. Mas além de ver razão e coerência na frase, é possível também enxergá-la como o desejo de um povo de não se deixar abater, escravizar, parar no tempo. O desejo de ir adiante, de estar na frente. Isso é bacana.
O paulistano é bem condutor mesmo. Tão APARENTEMENTE antipático quanto a frase, é, na verdade, um povo bem miscigenado que ainda não aprendeu direito a conviver com tanta mistura mas que dá exemplo de garra e força de trabalho. O paulistano é ambicioso. E o paulistano cobra seus direitos, cobra seus governantes, bem mais do que vi em outras partes do país. Não sei se foram tantos anos de malufismo que fizeram com que os paulistanos aprendessem a gritar, mas o fato é que hoje, paulistas em geral cobram mais empenho de seus líderes.
Tomara que conduzam nosso país como exemplo. Exemplo dessa cobrança e exemplo de um Brasil que dá certo, que avança, que é organizado. Exemplo de um povo que sofre (ainda com enchentes, violência, etc) mas segue em frente liderando; exemplo de um povo que empreende, briga, ambiciona, se impõe metas e as atinge.
Parabéns a todo o povo que bravamente construiu e faz desta cidade o verdadeiro coração do Brasil. Talvez não o coração no sentido emocional (São Paulo é fria: pelo clima, pelo excesso de cimento, pela geografia...), mas o coração no sentido daquele que bombeia e distribui o "sangue" por todo o corpo/país.
Feliz aniversário São Paulo!!
sábado, 23 de janeiro de 2010
Deus, deuses e anjos...
Lendo matéria na Folha de SP (Ilustrada) hoje, me deparei com duas frases que me tocaram muito, boas para reflexão numa manhã de sábado:
"Toda folha de grama tem seu anjo que se curva sobre ela e diz: 'cresce, cresce'." (do Talmude, livro sagrado do judaísmo)
e
"Deus não tem mãos, só as suas". (da igreja afro-americana),
ambas citadas por Saphire, escritora, na matéria sobre o filme sobre sua obra que é candidato ao Oscar.
"Toda folha de grama tem seu anjo que se curva sobre ela e diz: 'cresce, cresce'." (do Talmude, livro sagrado do judaísmo)
e
"Deus não tem mãos, só as suas". (da igreja afro-americana),
ambas citadas por Saphire, escritora, na matéria sobre o filme sobre sua obra que é candidato ao Oscar.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Confiança
9 meses na barriga
9 meses de convívio
9 meses de aprendizado mútuo
Bruna entrou numa fase muito gostosa, agora que faz descobertas constantes. Todo dia é uma grande aventura pra ela! Acho até que, por isso, anda mais cansada e tem dormido mais cedo que o de costume, exausta de tantas novidades.
Fico admirada de sua evolução, claro, mas outra coisa me chamou a atenção nesses dias: impressiona o quanto os bebês CONFIAM em seus pais, mais especialmente nas mães (por razões umbilicais, claro!). É tão curioso... Mesmo quando digo “não” para ela, por várias vezes, percebo que ela já estava esperando aquele não. Ela já sabia que era algo proibido, mas precisava da confirmação, do limite. E a carinha que ela faz, me olhando de canto de olho, como quem diz “esse não pode, né?”, e esperando que eu diga alguma coisa, é a face mais linda do mundo!
Mas nos momentos positivos isto fica ainda mais forte, acho eu. Nas horas em que ela precisa de uma ajudinha para completar uma façanha. Por exemplo: interessadíssima em andar, seu mais importante e constante desafio atualmente, ela sempre “se joga” e encara os maiores desafios se eu estiver ao alcance de uma mão esticada. É curioso observar movimentos que ela tenta sozinha e o quanto ela fica mais corajosa se eu estiver ao alcance da mãozinha dela. Foi então que eu percebi esta coisa da confiança. Ela sabe que não vamos deixar ela se machucar, ela sabe que se esticamos a mão para ela é porque dá par ir, ela pode tentar aquele movimento. E então ela vai. Sorrindo, confiante.
Deve ser das coisas mais simples ou óbvias da maternidade, mas quando a gente tem tempo de se dar conta das coisas simples é que a gente curte a vida, não é? Mas nem escrevendo um testamento eu conseguiria descrever o que é aquele olhar de “posso ir”, a mãozinha esticada e o sorriso depois da conquista feita. Explicar este sentimento de confiança dela e de orgulho nosso. Só sentindo pra saber.
E por que eu disse que com mãe é diferente? Simples: mesmo quando eu a impeço de fazer alguma coisa que ela quer muito – e no caso da Bruna isto significa que ela vai ficar bem brava – é só comigo que ela quer consolo. Ou seja, ela está furiosa comigo, mas é só o meu colo, meu carinho e minha justificativa que ela quer. Se ficar brava com outra pessoa, ela quer a mim também. E quando está zangada comigo, parece que me quer com urgência ainda maior. É como se ela soubesse – e sabe - que aquele “não” é importante, necessário. Mas fica chateadíssima, claro, não entende bem por que. Ela quer tanto... Então reage: se joga pra trás, grita com o máximo de decibéis, chora com lágrimas. Mas não tem Cristo que a ajude a ficar mais calma: só mãe. Mesmo que seja eu a chata, mala sem alça, que motivou tanta ‘infelicidade’ e ‘sofrimento’ (ainda bem que passageiros, não?!). Bruna tem uma veia dramática boa, esses momentos de zanga chegam a ser engraçados, tamanho o escarcéu que ela faz. Mas ela briga e ao mesmo tempo pede meu beijinho, meu abraço. Aí se acalma, mesmo que continue sem entender o porquê (e mesmo que vá tentar de novo...), mas parece saber que era necessário, importante. Passou! Sorriso no rosto de novo, olho no olho comigo, e parece que o mundo está em seu lugar. Ainda que Caetano diga sabiamente que “alguma coisa está fora da ordem” lá fora. Aqui dentro do nosso planetinha, basta que estejamos ao alcance dos olhos, para dizer “sim” ou “não” silenciosamente, para que esteja tudo bem pra ela. Seguro, confiável e feliz.
Falando deste microuniverso assim, parece um certo egoísmo nosso ou um pouco de alienação, mas o fato é que quando há um bebê em casa, podemos encaixar bem uns versos de outro cantor e compositor maravilhoso, o Cazuza, na sua música “minha flor, meu bebê”: “que prazer mais egoísta o de cuidar de um outro ser, mesmo se dando mais do que se tem pra receber. E é por isso que eu te chamo minha flor, meu bebê”.
Sei lá, gente, estava só pensando... Tudo por causa daquela carinha que ela me fez, tão confiante. :-)
(Escrito em Belém, em 28/02/2009)
Salve São Sebastião!
Essa é para os cariocas!
Oração a São Sebastião
São Sebastião, Glorioso Mártir de Jesus Cristo e poderoso advogado contra a peste, as calamidades e contra todos os meus inimigos visíveis e invisíveis, defendei-me, pois, de todos os perigos da alma e do corpo, bem como da inveja, do ódio, da intriga e de todos os males. Enfim, para que servindo a Jesus Cristo eu possa viver em paz, na Graça de Deus, e que um dia eu alcance também a glória de poder contemplar a tua alegria na corte celestial. Amém.
Feriado
Hoje é feriado e eu, como a maioria das mulheres, acordei cedo (não estou contabilizando as duas vezes que acordei de madrugada para amamentar). Lavei louça, preparei umas coisas no computador pro aniversário da milha filha, fiz comida – duas: uma para a bebê e outra pra nós. Lavei louça de novo depois do almoço, claro. Lavei roupa, porque roupa de bebê suja de comidinha não dá pra esperar até a volta da empregada. Com amor e carinho sinceros, brinquei com minha filha, dei atenção a ela. Dei banho, troquei fraldas: xixi, cocô, xixi, xixi de novo... Dei comida fazendo muita brincadeira, pra ver se ela comia melhor. Deixei coisas preparadas para o almoço do dia seguinte, fiz a lista para o marido ir ao mercado, brinquei mais com a filha, arrumei-a para sair conosco à noite, a convite da amiguinha dela. Depois colocar pra dormir (mais fralda, pijaminha, amamentar, cantar, colocar no berço, cobrir). Ufa!
Nenhuma mulher consegue ter um dia de feriado ficando em casa. Especialmente as casadas, com filhos. Se você mora sozinha, ainda pode adiar umas tarefas, tirar o dia. Mas vai acabar fazendo algum trabalho doméstico em algum momento, não tem jeito. Mas se você tem marido e filhos, dançou. Não dá para adiar: eles têm fome, sede, fazem sujeira. E é difícil precisar qual dos dois – marido ou filho – precisa mais de você.
Mas vocês devem estar pensando “lá vem um texto feminista, pra defender os direitos iguais das mulheres”. Direitos iguais eu acho mesmo que devemos ter, mas não é bem isso o que eu estava pensando. Sim, porque eu estava lavando louça e refletindo (lavar louça serve pra alguma coisa além de mantê-la limpa): porque a gente reclama tanto? Não que eu vá defender a mulher estilo “Amélia”, que fica em casa fazendo estas coisas todas, todo dia, sem reclamar ou, pior, sem ter maiores ambições. Não faria esta defesa! Mas por outro lado, me questionei se essa tal emancipação feminina não nos deixou mais infelizes, em parte. Porque toda vez que temos que fazer uma tarefa doméstica, pensamos alguns palavrões e sentimos uma ponta de inveja das amigas solteiras? Lá vou eu ressuscitar minhas avós, de novo: elas faziam tudo isso e muito mais e não me pareciam frustradas ou raivosas ao ter que cuidar da casa, do marido e do monte de filhos que tinham sozinhas. Sem empregadas e, naquela época, os maridos não ajudavam em nada mesmo, hoje eles já fazem uma coisa ou outra de vez em quando. Nem que seja quando você pedir. Naquela época a mulher não pedia ao marido para lavar uma louça e nem reclamava se ele entrasse em casa bagunçando e sujando tudo. Tampouco exigia que ele arrumasse seu próprio armário, imagine!
Acabou que as mulheres foram à luta ganhar dinheiro, passaram a dividir as responsabilidades que eram exclusividade DELES e não souberam repartir com eles as responsabilidades atribuídas a nós, “sexo frágil”. Acumulamos tudo, centralizamos tudo. Uma geração adiante, encontramos um monte de mulheres se divorciando, indo parar no analista ou se desdobrando em mil: a tal mulher de revista que é mãe, esposa, profissional, filha, etc. e que infarta mais nova – porque tem que ser boa em tudo isso – , vive estressada e por mais que mantenha um sorriso no rosto, acaba se pegando de vez em quando xingando até a milésima geração porque está com a barriga no tanque ou pia.
Eu só tenho perguntas, se tivesse as respostas, enriquecia: até que ponto ficamos mais “azedas” porque almejamos um padrão que nos distancia da nossa verdadeira essência, que é cuidar? A mulher tem vocação natural mesmo para cuidar, organizar. Não é à toa que só nós somos capazes de parir. Mas aquele padrão capa de revista fica lá martelando a gente quando temos que fazer uma simples tarefa doméstica: a bem sucedida, gostosa, rica, elegante, não nasceu para estragar as unhas lavando a louça.
Agora, para mudar, eu não tenho dúvidas de que cabe a nós, mulheres, a responsabilidade. Direitos iguais entre os gêneros só existirão quando as mães passarem a educar seus filhos homens para a vida, ou melhor, para serem bons maridos. Isto implica em ensinar a eles desde cedo a guardar seus próprios brinquedos, lavar suas próprias cuecas, ajudar nas tarefas da casa (lavar louça, inclusive) e sempre, sempre, deixá-los chorar. Porque homem que é homem chora. Acho que se todas as mães de meninos forem mudando a forma de educar seus bebezões, daqui a algumas gerações poderemos pensar em direitos iguais entre os sexos. Mas eu estava só lavando a louça no feriadão...
(Escrito em Belém, em Maio de 2009)
Nenhuma mulher consegue ter um dia de feriado ficando em casa. Especialmente as casadas, com filhos. Se você mora sozinha, ainda pode adiar umas tarefas, tirar o dia. Mas vai acabar fazendo algum trabalho doméstico em algum momento, não tem jeito. Mas se você tem marido e filhos, dançou. Não dá para adiar: eles têm fome, sede, fazem sujeira. E é difícil precisar qual dos dois – marido ou filho – precisa mais de você.
Mas vocês devem estar pensando “lá vem um texto feminista, pra defender os direitos iguais das mulheres”. Direitos iguais eu acho mesmo que devemos ter, mas não é bem isso o que eu estava pensando. Sim, porque eu estava lavando louça e refletindo (lavar louça serve pra alguma coisa além de mantê-la limpa): porque a gente reclama tanto? Não que eu vá defender a mulher estilo “Amélia”, que fica em casa fazendo estas coisas todas, todo dia, sem reclamar ou, pior, sem ter maiores ambições. Não faria esta defesa! Mas por outro lado, me questionei se essa tal emancipação feminina não nos deixou mais infelizes, em parte. Porque toda vez que temos que fazer uma tarefa doméstica, pensamos alguns palavrões e sentimos uma ponta de inveja das amigas solteiras? Lá vou eu ressuscitar minhas avós, de novo: elas faziam tudo isso e muito mais e não me pareciam frustradas ou raivosas ao ter que cuidar da casa, do marido e do monte de filhos que tinham sozinhas. Sem empregadas e, naquela época, os maridos não ajudavam em nada mesmo, hoje eles já fazem uma coisa ou outra de vez em quando. Nem que seja quando você pedir. Naquela época a mulher não pedia ao marido para lavar uma louça e nem reclamava se ele entrasse em casa bagunçando e sujando tudo. Tampouco exigia que ele arrumasse seu próprio armário, imagine!
Acabou que as mulheres foram à luta ganhar dinheiro, passaram a dividir as responsabilidades que eram exclusividade DELES e não souberam repartir com eles as responsabilidades atribuídas a nós, “sexo frágil”. Acumulamos tudo, centralizamos tudo. Uma geração adiante, encontramos um monte de mulheres se divorciando, indo parar no analista ou se desdobrando em mil: a tal mulher de revista que é mãe, esposa, profissional, filha, etc. e que infarta mais nova – porque tem que ser boa em tudo isso – , vive estressada e por mais que mantenha um sorriso no rosto, acaba se pegando de vez em quando xingando até a milésima geração porque está com a barriga no tanque ou pia.
Eu só tenho perguntas, se tivesse as respostas, enriquecia: até que ponto ficamos mais “azedas” porque almejamos um padrão que nos distancia da nossa verdadeira essência, que é cuidar? A mulher tem vocação natural mesmo para cuidar, organizar. Não é à toa que só nós somos capazes de parir. Mas aquele padrão capa de revista fica lá martelando a gente quando temos que fazer uma simples tarefa doméstica: a bem sucedida, gostosa, rica, elegante, não nasceu para estragar as unhas lavando a louça.
Agora, para mudar, eu não tenho dúvidas de que cabe a nós, mulheres, a responsabilidade. Direitos iguais entre os gêneros só existirão quando as mães passarem a educar seus filhos homens para a vida, ou melhor, para serem bons maridos. Isto implica em ensinar a eles desde cedo a guardar seus próprios brinquedos, lavar suas próprias cuecas, ajudar nas tarefas da casa (lavar louça, inclusive) e sempre, sempre, deixá-los chorar. Porque homem que é homem chora. Acho que se todas as mães de meninos forem mudando a forma de educar seus bebezões, daqui a algumas gerações poderemos pensar em direitos iguais entre os sexos. Mas eu estava só lavando a louça no feriadão...
(Escrito em Belém, em Maio de 2009)
Marcadores:
feminismo,
Feriado,
tarefas domésticas
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Caminhos da Vida
Texto com título de novela da Record é dose, né? Ai, ai, estou rolando de rir comigo mesma. Mas é para onde meus pensamentos me levaram, então deixa assim.
Estava pensando nos rumos que tomamos na vida, às vezes tão díspares de tudo o que imaginam para nós ou do que nós mesmos sonhamos um dia. Duas situações engraçadas da minha vida me fizeram pensar nisso: meu dom com crianças e o meu incontrolável impulso pela escrita.
Quando eu era criança, eu queria ser escritora. Hoje, quando as pessoas (pra minha felicidade, várias) dizem que eu deveria publicar meus textos, eu rio achando a idéia absurdamente fora da realidade. Gosto de escrever mas acho que meus textos, que servem como divã (ei, estou assumindo que uso você aí do outro lado como terapia, viu?!) são muito pessoais, não interessam a ninguém, a não ser aqueles que me conhecem, que podem saber um pouco mais de mim, o que estou passando ou pensando e algumas vezes se identificar, daí gostarem do que escrevo. Mas publicar para quem, cara pálida? Quem vai querer saber das desventuras de uma desconhecida por Belém ou pelos momentos mais básicos e simples da vida?
Mas fiquei refletindo onde foi parar aquela minha vontade de ser escritora? E sobre os meus poemas, que eu nunca mostro a ninguém! Os meus devaneios eu ainda compartilho com vocês, como estou fazendo agora. Mas minhas poesias sempre ficaram trancafiadas. Porque será? Muitas vezes penso que sou exigente demais: alguém que ama Manuel Bandeira e Ferreira Gullar não pode sair publicando um monte de poemetos. Minha cara de pau não chega a tanto! Então, será que eu deixei a vontade de ser escritora em algum lugar do passado por ser autocrítica demais? Acho que eu precisaria de um divã de verdade – e tempo, muito tempo – para descobrir isso.
Com as crianças a reflexão é ainda mais interessante. Sempre tive muito jeito para lidar com crianças, mesmo quando eu era praticamente uma. Aliás, sempre fui paciente com crianças, idosos e doentes mentais. Sério; acreditem! O que me falta de paciência com adultos normais me sobra para lidar com estes seres especiais do mundo, não me perguntem por quê. Eu era adolescente, as amigas da minha idade já queriam namorar e eu ficava brincando com as crianças menores. Fazia peça de teatro (adaptação de texto, inclusive, claaaaaro!), festa junina... Não só criava e ensaiava a turminha como ainda me apresentava junto com eles! Até me vestir de mamãe Noel para uma festinha de Natal pras crianças eu já fiz. Em plena época do horror a “micos”, que é a adolescência... Muita gente achava e me dizia que eu tinha que trabalhar com crianças. Mas aí é que está o ponto da minha reflexão, hoje: eu nunca sequer pensei nisso!
As mães aqui do condomínio já me conhecem, porque as crianças todas vêm aqui pra casa brincar “com a Bruna”. Na verdade, a garotada gosta mesmo é de fazer farra comigo e eu tenho a maior paciência com a turminha toda. Fazemos a maior algazarra juntos e, geralmente, tem chororô na hora deles irem embora daqui. Eu sou a mãe que brinca com as crianças, o que surpreende as outras, que me perguntam sempre se eu trabalhava com crianças. Daí eu ter me lembrado do que me diziam anos atrás e ter ficado me perguntando: mas porque será que eu nunca sequer cogitei esta hipótese?
Definitivamente eu não sei explicar os caminhos que tomamos na vida. Talvez eu devesse apronfudar a reflexão e até mudar o título deste texto para “porque não?”. Mas confesso que gosto das coisas como estão, ou seja, da minha vida como ela está, então prefiro apenas achar curioso que eu nunca tenha levado a sério a possibilidade de ser escritora ou de trabalhar com crianças e idosos.
Às vezes, solucionamos a vida por exclusão.
(Escrito em Belém, em 26/04/2009)
Estava pensando nos rumos que tomamos na vida, às vezes tão díspares de tudo o que imaginam para nós ou do que nós mesmos sonhamos um dia. Duas situações engraçadas da minha vida me fizeram pensar nisso: meu dom com crianças e o meu incontrolável impulso pela escrita.
Quando eu era criança, eu queria ser escritora. Hoje, quando as pessoas (pra minha felicidade, várias) dizem que eu deveria publicar meus textos, eu rio achando a idéia absurdamente fora da realidade. Gosto de escrever mas acho que meus textos, que servem como divã (ei, estou assumindo que uso você aí do outro lado como terapia, viu?!) são muito pessoais, não interessam a ninguém, a não ser aqueles que me conhecem, que podem saber um pouco mais de mim, o que estou passando ou pensando e algumas vezes se identificar, daí gostarem do que escrevo. Mas publicar para quem, cara pálida? Quem vai querer saber das desventuras de uma desconhecida por Belém ou pelos momentos mais básicos e simples da vida?
Mas fiquei refletindo onde foi parar aquela minha vontade de ser escritora? E sobre os meus poemas, que eu nunca mostro a ninguém! Os meus devaneios eu ainda compartilho com vocês, como estou fazendo agora. Mas minhas poesias sempre ficaram trancafiadas. Porque será? Muitas vezes penso que sou exigente demais: alguém que ama Manuel Bandeira e Ferreira Gullar não pode sair publicando um monte de poemetos. Minha cara de pau não chega a tanto! Então, será que eu deixei a vontade de ser escritora em algum lugar do passado por ser autocrítica demais? Acho que eu precisaria de um divã de verdade – e tempo, muito tempo – para descobrir isso.
Com as crianças a reflexão é ainda mais interessante. Sempre tive muito jeito para lidar com crianças, mesmo quando eu era praticamente uma. Aliás, sempre fui paciente com crianças, idosos e doentes mentais. Sério; acreditem! O que me falta de paciência com adultos normais me sobra para lidar com estes seres especiais do mundo, não me perguntem por quê. Eu era adolescente, as amigas da minha idade já queriam namorar e eu ficava brincando com as crianças menores. Fazia peça de teatro (adaptação de texto, inclusive, claaaaaro!), festa junina... Não só criava e ensaiava a turminha como ainda me apresentava junto com eles! Até me vestir de mamãe Noel para uma festinha de Natal pras crianças eu já fiz. Em plena época do horror a “micos”, que é a adolescência... Muita gente achava e me dizia que eu tinha que trabalhar com crianças. Mas aí é que está o ponto da minha reflexão, hoje: eu nunca sequer pensei nisso!
As mães aqui do condomínio já me conhecem, porque as crianças todas vêm aqui pra casa brincar “com a Bruna”. Na verdade, a garotada gosta mesmo é de fazer farra comigo e eu tenho a maior paciência com a turminha toda. Fazemos a maior algazarra juntos e, geralmente, tem chororô na hora deles irem embora daqui. Eu sou a mãe que brinca com as crianças, o que surpreende as outras, que me perguntam sempre se eu trabalhava com crianças. Daí eu ter me lembrado do que me diziam anos atrás e ter ficado me perguntando: mas porque será que eu nunca sequer cogitei esta hipótese?
Definitivamente eu não sei explicar os caminhos que tomamos na vida. Talvez eu devesse apronfudar a reflexão e até mudar o título deste texto para “porque não?”. Mas confesso que gosto das coisas como estão, ou seja, da minha vida como ela está, então prefiro apenas achar curioso que eu nunca tenha levado a sério a possibilidade de ser escritora ou de trabalhar com crianças e idosos.
Às vezes, solucionamos a vida por exclusão.
(Escrito em Belém, em 26/04/2009)
Pérolas do Tempo
Eu sou do tempo em que iogurte era iogurte, não era remédio.
Descobri isso hoje, vendo TV (“caiu a ficha” - ficha que, aliás, era coisa do meu tempo).
Iogurte para fazer cocô, iogurte para não ficar gripado, para baixar o colesterol... Coisa mais esquisita! Só falta a caixa do supermercado te pedir a receita médica para te deixar levar o produto.
Quer saber? Da próxima vez que eu for comprar um iogurte, acho que vou exigir a bula.
Descobri isso hoje, vendo TV (“caiu a ficha” - ficha que, aliás, era coisa do meu tempo).
Iogurte para fazer cocô, iogurte para não ficar gripado, para baixar o colesterol... Coisa mais esquisita! Só falta a caixa do supermercado te pedir a receita médica para te deixar levar o produto.
Quer saber? Da próxima vez que eu for comprar um iogurte, acho que vou exigir a bula.
Marcadores:
esquisitices,
Iogurtes,
modernidades
Programa Paulista II
Férias escolares: o que fazer para agradar tão exigentes consumidores de entretenimento e cultura? Uma opção de programa para agradar a todas as faixas etárias é o Aquário São Paulo. Localizado no bairro do Ipiranga, possui uma extensa variedade de animais aquáticos e ainda exposições temáticas como a dos dinossauros. Mas nem só de vida marinha é feita a diversão por lá: outros animais causam alegria, encantamento, espanto e surpresa, como o espaço dedicado aos morcegos. Com sorte, é possível ver funcionários alimentando animais - incrível quando se trata de um mergulhador dentro do aquário dando de comer na boquinha de um tubarão, bem acima das nossas cabeças! Adultos, adolescentes e crianças ficam eufóricos. Há lanchonetes e uma loja de souvenires no local. O espaço é adaptado para portadores de necessidades especiais, inclusive com elevador. Uma boa dica neste verão é se programar para chegar ao local antes das 16h, pois há uma promoção de divulgação de uma marca de câmera digital e, até este horário, é possível pegar uma emprestada e filmar todo o passeio, levando o DVD gratuitamente para casa. Outro conselho é não assistir ao cinema 3D, para não se decepcionar. Atração com ingresso vendido separadamente, é uma furada: as instalações são ruins e o filme deixa a desejar tanto nos aspectos técnicos, como no roteiro.
Serviço: Diariamente das 9 às 18h. Endereço: Rua Huet Bacelar, 407 – Ipiranga.
Marcadores:
família,
Férias escolares,
lazer,
programação
Programa Paulista I
Domingão. Nada pra fazer? Nem precisa acordar cedo para fazer este ótimo programa: cultural, histórico, espiritual, consumista... Tudo ao mesmo tempo.
Vá à missa no Mosteiro de São Bento, às 10h. É a missa com cantos gregorianos, linda. Acalma a alma. Tem calor humano. Gente, gente, gente. De todos os tipos, raças, idades, classes sociais e tribos. Tem a velhinha rica, o intelectual zen, a mulher mal amada, a vovozinha cansada e encarquilhada, o grandão careca todo tatuado... Gente. De todos os tipos.
A arquitetura do mosteiro convida à dispersão. Pecado? Bom, pelo menos a música te leva à introspecção, à emoção e, quem sabe, ela consiga te fazer rezar, o que deveria ser o seu objetivo ali. Mas nem precisa, pode curtir.
Mas se quiser assistir à missa sentado, melhor chegar cedo. Enche.
Antes e/ou depois, vale a pena um café no Girondino, charme puro, bem em frente. Ah! E depois da missa, os monges abrem a excelente padaria: vale a pena se render ao pecado da gula e fazer umas comprinhas.
Depois, vale esticar pecando no consumo absolutamente desnecessário na Feirinha da Praça da Liberdade, duas estações de metrô da Igreja. Lá se acha tudo o que não se precisa, bem baratinho, que é para não dar tanta culpa depois. Cansou? Volte pra casa e faça o lanche dos deuses, digo, dos monges, com o que comprou na padaria.
Programão, bem paulista, bem legal.
Quem sou eu?
Um mistério. Um monte de mulheres em uma só. Pareço aquela esponjinha de 1.001 utilidades: sou amiga, filha, irmã, namorada, esposa, amante, tia, sobrinha. Madrinha e afilhada. Profissional e do lar.
Sou festeira, alegre, animada. Sou solar e também muito noturna. Sou agitada mas tenho dias de calmaria. Tempestade, trovão e raios; às vezes. Sol, calor e brisa em outros dias.
Eu sou quem eu quero e quem eu posso ser. Sou um pouco do que a vida me fez ser e muito do que Deus quis que eu fosse (uma boa parte escapou ao controle dele, certamente).
Sou devota a N. Sra. De Nazaré. Sou mística, mas não exatamente religiosa. Tenho fé na vida. Ainda acredito na humanidade.
Sou bacana. Sou honesta. Sou batalhadora, tenho garra e vontade de fazer acontecer. Corro atrás. Mas também deixo coisas ficarem no meio do caminho.
Sou dualidade e contradição.
Sou forte e sou frágil. Sou poetisa não assumida. Sou extrovertida mas tenho meus segredos... Sou risonha. Sou enrolada, engraçada e meio estabanada, mas sou organizada. Sou franca. Sou prática. Sou prolixa (percebeu?). Sou falante mas também sei calar. Sou família e, mesmo assim, a ovelha desgarrada. Estou ficando madura, mas guardo uma criança em mim.
Sou reticência, não sou ponto final. Mas trago em mim muitas exclamações e interrogações.
Mas acima de tudo sou uma mãe apaixonada, deslumbrada com a filha que recebeu de presente de Deus. Sou mãe orgulhosa e com orgulho. Sou Dani, a mãe da Bruna.
Bruna = a melhor parte da minha história.
Sou carioca e adoro o mar. Mar com montanha!
Sou chocólatra.
Não sou linda mas também não sou feia. Tenho lá meus encantos. Eu sou neguinha! E sarará assumida, embora de vez em quando possa aparecer de cabelos lisos, só para mudar o visual um pouco.
Gosto de mudanças. Sou criativa. Sou insone.
Sou Daniele Torres Cordeiro; muito prazer.
Sou festeira, alegre, animada. Sou solar e também muito noturna. Sou agitada mas tenho dias de calmaria. Tempestade, trovão e raios; às vezes. Sol, calor e brisa em outros dias.
Eu sou quem eu quero e quem eu posso ser. Sou um pouco do que a vida me fez ser e muito do que Deus quis que eu fosse (uma boa parte escapou ao controle dele, certamente).
Sou devota a N. Sra. De Nazaré. Sou mística, mas não exatamente religiosa. Tenho fé na vida. Ainda acredito na humanidade.
Sou bacana. Sou honesta. Sou batalhadora, tenho garra e vontade de fazer acontecer. Corro atrás. Mas também deixo coisas ficarem no meio do caminho.
Sou dualidade e contradição.
Sou forte e sou frágil. Sou poetisa não assumida. Sou extrovertida mas tenho meus segredos... Sou risonha. Sou enrolada, engraçada e meio estabanada, mas sou organizada. Sou franca. Sou prática. Sou prolixa (percebeu?). Sou falante mas também sei calar. Sou família e, mesmo assim, a ovelha desgarrada. Estou ficando madura, mas guardo uma criança em mim.
Sou reticência, não sou ponto final. Mas trago em mim muitas exclamações e interrogações.
Mas acima de tudo sou uma mãe apaixonada, deslumbrada com a filha que recebeu de presente de Deus. Sou mãe orgulhosa e com orgulho. Sou Dani, a mãe da Bruna.
Bruna = a melhor parte da minha história.
Sou carioca e adoro o mar. Mar com montanha!
Sou chocólatra.
Não sou linda mas também não sou feia. Tenho lá meus encantos. Eu sou neguinha! E sarará assumida, embora de vez em quando possa aparecer de cabelos lisos, só para mudar o visual um pouco.
Gosto de mudanças. Sou criativa. Sou insone.
Sou Daniele Torres Cordeiro; muito prazer.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
O Haiti é aqui...
Comovidíssima com a tragédia do Haiti, claro. Lágrimas vêm aos olhos quando vejo as fotos. Quem é mãe, sofre. Mas... Não posso esquecer a tragédia de Angra e do interior de São Paulo no ano novo. A mídia já não fala mais nisso. Como assim? Ok, são proporções diferentes, uma tragédia de centenas de vítimas não se compara a uma com milhões de vítimas, mas a impressão que dá é que a mídia valoriza muito mais a tragédia externa, porque existe uma repercussão internacional e se esquece das nossas. Isto é um absurdo. Aliás, la Bundchen doou alguma coisa para a reconstrução de São Luis do Paraitinga? Ou pra Ilha Grande? Não, mas para o Haiti ela deu um milhão e meio. Acho ótimo ela ter aberto a carteira assim, eles precisam e eu apóio. Mas... Ela não podia ter doado um tiquinho de dinheiro pra ajudar seu país também? Estou errada? Juro que não acordei de mau-humor, mas que eu acho que 'nego' se aproveita das tragédias para se promover pessoalmente... Ah, eu acho sim. Mas não perdi a fé na bondade humana. Ainda.
Marcadores:
doação de recursos,
Haiti,
pontos de vista
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Assinar:
Postagens (Atom)