domingo, 25 de setembro de 2011

Alzheimer - a historinha

Semana passada teve o dia dedicado ao Mal de Alzheimer e me lembrei do poemeto que resolvi publicar no post abaixo.
Eu o escrevi em Belém, sensibilizada ao saber do estado de saúde de minha tia mais velha, que sofre com a doença. Tia Elieth convive com essa terrível doença há mais de 15 anos! Deve ser um triste record. Cada vez pior, atualmente ela é um ser humano com sua alma perdida em algum outro espaço-tempo. Não há o menor vestígio de quem ela um dia foi. Ouso dizer que os resquícios de humanidade que lhe restam são poucos.

Tenho medo dessa doença, confesso. Dois casos confirmados na família e a maldita da hereditariedade genética como a maior probabilidade de se ter a doença são os motivos. Não que eu viva pensando nisso, claro. Mas assusta.

Li no início desse ano um livro lindo que fala sobre a doença de uma forma pungente, emocionante, bem humorada. Ao mesmo tempo que é um livro triste, tem um ritmo de suspense que impede que você o deixe no meio do caminho. Os momentos de humor contrabalançam a trsiteza da história e fazem do livro um ótimo entretenimento.
Fica a dica: Para Sempre Alice é boa leitura garantida. A história de uma mulher super ativa, uma acadêmica - professora e pesquisadora de Harvard - que recebe o diagnóstico de Alzheimer precoce é quase um thriller que emociona e leva à reflexão sobre a vida, mesmo que você não tenha nenhum parente com o diagnóstico.
Gostei muito do livro, escrito por uma neurocientista, conhecedora profunda da doença, mas que escreve de forma romântica, não científica, uma boa contadora de histórias, que consegue escapar do risco de ser descritiva demais.
O nome da autora? Ops! Esqueci...

Alzheimer

Um branco
Um vazio
O contrário da inspiração
Solidão

Uma imensidão de vultos
Fantasmas
Emoção sem razão
Razão sem sentido

No estranho,
um amigo.
Nos amigos, a dor.

Uma vida sem passado
Uma história sem percurso
A ausência presente e permanente.

Não há mais cor nesta flor.

Escrito em Belém (PA), 23/05/2009

Justificativa

Tenho vindo pouco aqui. Não que tenha perdido o interesse no blog. Tampouco reduzi a escrita. Escrevo sempre. Bloquinhos e bloquinhos me acompanham nas bolsas e vivo registrando pensamentos, cenas do cotidiano, angústias e alegrias vividas ou imaginadas.
Mas há um motivo para eu publicar pouco. Nem sempre as pessoas sabem diferenciar quando escrevo ficções. Quais dos meus poemas e crônicas são inspirados na minha vida pessoal, real, e quais são pura imaginação, delírio ou mesmo inspiração em outrem?
E o mundo corporativo é cruel!
Complicado lidar com empresas tradicionais e correr o risco de ter palavras minhas mal interpretadas. Trabalhar com captação de recursos implica em ter uma imagem muito correta, muito neutra, positiva, honesta.
Por isso passei a tomar mais cuidado com as minhas publicações. Dou minhas escorregadas no Facebook, eu sei. Rede social mais rápida, imediata. Acabo me rendendo a pequenas confissões que traduzem meu humor. Mas tudo bem. Também não vou mudar quem sou ou criar uma imagem fake de mim mesma. Isso nunca! Tenho muitos defeitos e talvez o excesso de transparência seja um deles. Nunca consegui me esconder muito... Mas não pretendo mudar. Sempre ganhei mais sendo transparente. Bom, na verdade, nunca consegui me impor um personagem, ainda que às vezes eu pense que nunca consegui ser de verdade quem eu gostaria...
Mas isso é papo pra terapia! (risos)
Enfim, essa história de mundo corporativo tem a ver com aquela coisa de que à "mulher de Cesar não basta ser, tem que parecer". Não é assim o ditado? Então corro menos riscos me expondo menos. Como eu falei, nem tudo que eu escrevo é sobre mim, mas não há como quem me lê saber disso. E vamos combinar que não teria a menor graça eu inserir legendas explicativas em cada post... A graça de não saber até deve ser um estímulo. A dúvida atrai.
Vim aqui contar que não desisti do blog. A falta de tempo também colabora para o sumiço, para a redução de publicações. O mundo corporativo não é o único culpado pelo sumiço. Mas me intimida sim. Há que se conviver com os limites do que se faz.

A vida e nossas escolhas...