segunda-feira, 14 de março de 2011

Porque hoje é Dia Nacional da Poesia!! (14/03)



POEMINHA AMOROSO

"Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo..."

Vou só



Cansei de te convidar:
Você não vem mesmo!
Não convido mais.
Logo eu, que gosto tanto de companhia.
Gostava tanto da sua...
Me eras tão agradável;
Éramos tão companheiros.
Coisa tão boa da vida andar junto,
Caminhar.
Não me entristeço.
Também não te espero mais vir.
Inspiro-me e vou.

sábado, 12 de março de 2011

Energia e Intensidade

Um ser de energia muito forte, límpida.
Clareza e transparência. Luz e beleza.
Intensidade em tudo o que vive!
Uma energia que atrai - vontade de tocar,
De roubar ou misturar...
Magia
Envolvente
Um ser de muito brilho.
Força que chama.
Atrapalhada que sou, tento disfarçar e me mostro mais ainda,
Encantada.
Energia que arrebata.
Sonho que aproxima.
Força que confunde.

O Profundo Olhar Azul

Despedida...
Partida?
Aquele profundo olhar azul
Já não me falava mais de música
Ou matemática...
Me agradecia a visita,
Como se dissesse que era bom eu estar ali,
Que me reconhecia...
Ao mesmo tempo era desespero:
Me socorre, me tira daqui!
Me deixe ir, de vez.
Aquele profundo olhar azul
Sempre será inesquecível.
A sua presença quase ausente,
A sua fragilidade e tristeza,
Toda a sua humanidade.
O profundo olhar azul me disse adeus,
Uma lágrima escorreu
E o nosso silêncio se sabia o último diálogo.
Só entre nossos olhares,
O mais profundo olhar azul foi último.


SP, fevereiro de 2011: para o avô de meu marido, Walter, que partiu e com quem troquei este profundo e silencioso olhar azul no final de 2010 (Natal), em nosso último encontro, quando ele já estava muito, muito doente.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Dúvida carnavalesca



Desde uma pielonefrite aguda que, em 2005, me fez passar o carnaval na cama, não assistia aos desfiles das escolas de samba do Rio pela TV. Sempre gostei de carnaval, desfilei 4 anos seguidos na Tradição, mas sempre achei um pouco chato ver os desfiles pela TV. Lembro de já ter feito isso várias vezes em família, com meus pais, mas naquela época ver os desfiles pela TV era sinônimo de festa porque sempre tinham primos, tios, comes e bebes e a gente virava madrugada fazendo farra em família. Depois que saí de casa, carnaval na TV virou um porre - sem álcool.
Exceto naquele carnaval de 2005, quando a big dor renal não me deu outra alternativa.

Ontem, sei lá porquê, comecei a ver os desfiles. O da São Clemente, digno, não seria capaz de me prender. Dava umas espiadas e brincava com Bruna. O da Imperatriz teve a concorrência desleal de eu ter que colocar a Bruna para dormir; assisti pouca coisa da escola. O suficiente para achá-la com a cara da madrinha de bateria que a representa: linda e morna.

Com filha e marido na cama, decidi ler, já que estava sem sono. Mas deixei a televisão ligada. Pretendia só ver o comecinho do desfile da Portela. A escola ganhou minha atenção absoluta. Estava linda. Nem parecia ter sofrido algo com o tal incêndio. Estava animada, bonita, bem acabada. O samba era bonito, melódico, lembrava um pouco os antigos sambas. E a bateria deu um show. Várias paradinhas diferentes, coreografias, um escândalo de arrepiar. Faltava um pouco de sal na madrinha, mas não fazia a menor diferença, porque sobrava tempero ali no coração da escola. Um desfile encantador, para disputar campeonato, se não fosse o fato da Portela estar fora da disputa por conta do incêndio. Uma pena.

Aí entrou a Unidos da Tijuca do Paulo Barros. E aí entra a minha dúvida carnavalesca. Não sei, sinceramente, se adorei e se torço para a escola vencer ou se torço para ela perder... A escola estava belíssima! Era visível a qualidade e o acabamento dos carros, alegorias e fantasias. Caprichados, ricos. As sacadas geniais do Paulo, com inovações surpreendentes, encantam, prendem a atenção, nos fazem curtir. As alas com passos marcados dão um espetáculo visual, pois os passos resultam numa série de desenhos e desenrolam o tema trasnformando os cenários ao vivo, bem ali na nossa frente. Mas... Justamente esse excesso de alas com passo marcados parece tirar a alegria foliã, a espontaneidade e o direito de brincar, dançar, sambar livremente que me parecem a essência do carnaval. Em um determinado momento, me dava a impressão de que todos na Unidos da Tijuca eram atores e tinham sido contratados para sair na escola, tamanha a competência na representação de seus papáeis. Isso é ruim? Não sei. É o novo jeito de fazer carnaval? Para os olhos era de fato uma festa! Um prêmio estético para o olhar de qualquer um. Impossível não se encantar, viajar, delirar. Mas não sei se a emoção da gente é atingida da mesma forma. A bateria arrasou, o samba era bonito. Mas fiquei muito na dúvida. Além de sentir um certo deja-vú. O tema era diferente, mas escolhido a dedo para permitir o reforço da marca Paulo Barros e o flerte com o ilusionismo, os truques; o tema do medo no cinema acabou remetendo ao enredo do ano passado, sobre magia. É lindo? É. O desfile foi lindo? Foi. Merecia nota dez em tudo? Praticamente (a escola teve que acelerar o ritmo no final para não perder pontos ultrapassando o tempo e, por isso, eu não daria 10 em harmonia e evolução). Mas apesar de ter feito um desfile excelente, acho que a falta da emoção, da espontaneidade, de gente brincando feliz e descontraída fez falta. E fiquei na dúvida se eu gosto mais do carnaval para turista ver ou do carnaval da emoção e da farra.

Depois da Tijuca veio a Vila Isabel. Coitada, com um tema infeliz sobre cabelo, a escola passou meio apagada, obviamente prejudicada pela antecessora tão genial. Para desfilar depois da Tijuca, tinha que levantar a arquibancada, acender o telespectador. Ao contrário, deu sono. O samba e o enredo eram esquisitos e a escola, apesar de bonita, passou meio "normal" demais depois da apoteose "paulobarreana". Covardia? Bom, ao invés de investirem uma fortuna numa Gisele Bundchen desmilinguida, rebolando com as pernas fechadas, cruzadas como se estivesse apertada para ir ao banheiro, poderiam ter usado esta grana na criatividade para transformar o enredo estranho numa grata surpresa. Não rolou.

Eis que entra a Mangueira. Em paz, com as brigas resolvidas com Beth Carvalho, com um samba muito bonito, coerente - em homenagem a Nelson Cavaquinho no seu centenário -, a Mangueira abusou do que podia: da emoção e da tradição. Só uma escola com muita sapiência do seu crédito para dar uma parada total no som e deixar o público cantando à capela junto com os puxadores, sem bateria, sem medo de atravessar o samba. Emocionante e muito arrepiante! Paradinhas da bateria, gente alegre pulando, cantando, vibrando lá pelas tantas da manhã: essa era a Mangueira.
Não rola um saudosismo, acho que tudo deve evoluir. Esses verdadeiros produtores culturais que são as equipes das escolas de samba, se profissionalizaram, cresceram e não acho isso ruim. O carnaval para turista ver é lindo, mágico, encantador. Os blocos estão nas ruas, gratuitos, para compensar quem não pode estar na Sapucaí assistindo ou aqueles que não podem comprar uma fantasia. Super bacana, super válido.

Então, a minha dúvida persiste: o que é mais bonito, mais autêntico, mais interessante no carnaval das escolas de samba? O visual lindo e maravilhoso agregado ao bom samba e ótima bateria? Ou o carnaval com bom samba, ótima bateria e muita garra, emoção e alegria? O que é mais competente? O que será o futuro dos carnavais cariocas?

Acho que vou assistir aos desfiles da noite de hoje. Confesso que adorei o programa - mesmo solitário - que há muito tempo não fazia. O livro vai ficar pra quarta-feira de cinzas. E vai ser ótimo ter embasamento para torcer na apuração na quarta-feira. Sim, porque as apurações eu não perco nunca, mesmo não tendo visto os desfiles! Vai entender... Adoro, acho emocionante aquela disputa centésimo a centésimo.
E vamos ver se assim eu tiro a minha dúvida, que talvez seja a de muita gente.

Boa folia!

Crédito da foto: Bateria da Portela 2011, por Rodrigo Gorosito, portal G1.