quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Tempo




O tempo é como um rio caudaloso

Escorre como as águas, involuntárias

Vão e não sabem pra onde.

A liberdade do tempo é louca

Não sabe o que fazer dela mesma.

Parar ou correr é questão de escolha

Mas seguir é perene, contínuo,

Eterno até que se encontre o fim.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Escolinha



Lá vai ela, me dando tchau
Risonha, faceira, entusiasmada
Cá fico eu, coração na mão
Angústia e alegria quase na mesma medida

A excitação é mútua
Outros se aproximam
Será ela deles?
Será que ela é minha?

Uma dá passos firmes rumo ao futuro
Lágrimas de emoção transbordam no outro coração
A conquista é a liberdade, o crescimento
E ela sabe - ah, sabe - que estarei sempre aqui

Aqui, ali e onde for
Por ela, sempre e para sempre
Mas é preciso deixá-la ir!
Ah, esse amor de mãe...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Será que agora vai?

"O Estado não deve deixar de agir. Não deve optar pela omissão. Não deve atirar fora de seus ombros a responsabilidade pela formulação e execução de políticas públicas." Gilberto Gil, citado por Leonardo Brant em seu livro O Poder da Cultura (pág. 44)

Será que com a "nova Lei Rouanet" - o Procultura - o Estado vai assumir sua responsabilidade em fomentar e promover a cultura?

A nova lei segue para aprovação do Congresso com a promessa de corrigir o - dito pelo próprio MinC - maior erro da versão anterior, que seria a ausência da presença do Estado no incentivo à cultura.

Segundo o MinC, agora o Estado vai premiar e apoiar projetos "inovadores" e de novos talentos, geralmente aqueles menos incentivados pelo mercado.

Será? Ou corremos o risco do velho clientelismo e daquela velha história de quem é amigo do rei conseguir um lugar ao céu? Difícil dizer se no Brasil, com ranços políticos coronelistas ainda vigentes, vamos conseguir ter uma distribuição justa e isenta destes recursos.

O pior é que, querendo ou não, vamos todos pagar para ver, literalmente.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

As musas inspiradoras

Duas amigas possuem blogs que eu adoro e recomendo aqui. São minhas musas inspiradoras. Admiro a coragem que elas têm, sua inteligência, a beleza de muito do que escrevem e, obviamente, adoro o que escrevem porque me identifico muito com ambas.

Uma é Simone Barra, amiga de longa data e cujo blog eu frequento há bastante tempo.
A Bagunça da Bagagem já é, pelo próprio nome, um cantinho de fazer pensar.

http://abaguncadabagagem.zip.net/

Outro é "aquisição" bem mais recente, da amiga Carla Vergara, menos íntima mas igualmente querida. Descobri seu blog recentemente e ando apaixonada. É musa inspiradora, pois cada vez que leio um de seus poemas ou pensamentos/reflexões me sinto inspirada, estimulada a pensar e até a escrever, às vezes.

http://misticasfemininas.blogspot.com

Visitem estas moças, elas são muito interessantes, inteligentes, instigantes. Mulheres com M maiúsculo, amigas queridas, almas femininas, guerreiras admiradas.

Mas pra que serve?

Escrever é um prazer pra mim. É válvula de escape, terapia e também exercício. Comecei a escrever bem cedo: fazia diários já aos 7, 8 anos. Aliás, foi nesta idade também que escrevi meu primeiro poema: aos 8 anos! Nunca mais parei, embora tenha fases de menor produção. No caso das poesias, principalmente. Sou capaz de passar meses sem escrever uma. E, de repente, posso escrever várias num único dia. É um processo bem irregular, que eu sempre fiz questão de deixar assim. Acho que é mais válido, mais verdadeiro, se menos elaborado. Mais natural.

E nunca quis publicar meus poemas. Bloqueio mesmo. Gosto demais de poetas maravilhosos, então não me sinto confortável para ousar me equiparar a eles fazendo o mesmo.

Mas então pra quê ter um blog? Acabei de descobrir lendo uma matéria sobre o recém falecido escritor J.D. Salinger. Numa declaração feita na década de 70, ele teria dito que "há uma paz maravilhosa em não publicar. Gosto de escrever. Amo escrever. Mas escrevo apenas pra mim e para meu próprio prazer." É o meu caso, faço minhas as palavras dele. Um tanto egoístas, assumo. Poderia usar este espaço para causas sociais ou com objetivos mais nobres. Ou poderia divulgar mais o blog, postar aqui meus poemas e me compartilhar mais com a humanidade.

Mas eu só quero mesmo soltar os pensamentos, me exercitar, pensar e colocar pra fora. Nào importa que ninguém veja. O blog é, por isso mesmo, uma grande salada. Sem um objetivo ou tema definido. Por vezes temas cotidianos, outras temas de trabalho, outras assuntos altamente pessoais. Umas vezes escreverei pouco, outras escreverei longos textos. Por vezes escreverei diariamente. Em outros momentos poderei ficar sem vir aqui postar algo por longos tempos.

Assim será este blog: sem nenhum objetivo ou finalidade que não a minha liberdade de nada dizer ou tudo revelar.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

As contradições culturais de um paisão

Morei no Pará por quase 2 anos. Sempre ouvi dizer que a cultura paraense é forte, que se trata de um povo que valoriza sua cultura e mantém suas tradições. Bacana. Há alguns poucos anos, os paraenses chamaram a atenção da indústria cultural ao conseguir furar o bloqueio mercadológico (sim, ele existe) e fazer estourar o fenômeno da música tecno-brega, inovando na forma de produção e venda do produto cultural através do auto-pirateamento, que nada mais foi do que uma grande "banana" que um grupo musical deu às grandes indústrias fonográficas produzindo e vendendo seus próprios CDs a baixo custo, na empolgação do momento nos seus shows. Sucesso absoluto, recorde de vendas e o mercado se rendeu ao tecno-brega, incorporando-o às grandes mídias, dando espaço para sua divulgação e, assim, conquistaram um país. Bacana.

Mas será mesmo que é possível afirmar que a cultura é algo forte no Pará? É sim, se pensarmos no ponto de vista antropológico. Mas quando pensamos nos moldes "lei rouanet", que institucionalizou algumas categorias artísticas como "cultura", a resposta é não. A "cultura" não chega e não sai do Pará.

Explico: não há fomento ao teatro, à dança, à música, às artes visuais produzidas pelos paraenses. Os poucos que produzem não circulam além do eixo amazônico. Não há divulgação, promoção e estímulo à produção destes artistas - alguns muito bons.

Por outro lado, a "cultura" que é promovida no eixo Rio-SP-BH-DF não se espalha além disso (com raras exceções para o sul?) e não chega ao Pará. O belíssimo Teatro da Paz, por exemplo, passa a maior parte do ano vazio, sem atividades. Quando chega uma peça do eixo dominante Rio-SP, é uma daquelas comédias com roteiro e atores televisivos 'globais', com duração de um final de semana - certeza de ingressos esgotados. Nada contra, mas não creio que seja um intercâmbio enriquecedor.

O paraense não tem opção de programação cultural no seu final de semana (aliás, muitos dos equipamentos culturais da cidade fecham em finais de semana e feriados!). Em algumas oportunidades ao longo do ano, iniciativas como Festivais dão sua colaboração. Mas em gera;, o que se vê é o paraense indo ao shopping como opção de lazer (??!) no final de semana. Os que têm mais dinheiro vão ao cinema consumir os blockbusters da indústria cinematográfica mundial (leia-se americana) ou vão para Salinas se divertir. Nos bares, há sim música ao vivo local. Mas o que interessa no boteco é o bate-papo; a música é só fundo para embalar romances ou comemorações.

Shows musicais são muito raros e caros.

Mas alguém há de me perguntar: e a história de que o paraense é muito cultural? Em parte, eles preservam suas manifestações populares típicas, como o carimbó e as comidas. No caso da gastronomia, muito mais por hábito mesmo. No caso do Carimbó, já se pode ver uma certa caricatura, uma leitura "para turista ver", assim como eu acho que houve com o samba carioca.

É preciso uma interferência política para que os bons músicos - por exemplo - saiam dos rincões do país e possam tocar 'onde o povo está' e mostrar a diversidade musical, no caso, brasileira de norte a sul do país. Aí sim nós poderemos falar de "difusão, promoção e circulação da diversidade cultural brasileira".

Nenhuma empresa vai se interessar em promover aquilo que ela não conhece e como as empresas patrocinadoras de cultura (via incentivo fiscal/Lei Rouanet) estão concentradas no sudeste...

Sem uma interferência consciente e politizada - seja ela de origem governamental ou popular - estaremos falando e reproduzindo apenas um discurso vazio, mentiroso, ilusório e uma ação cultural ineficaz.

"Oguntê, Marabô, Caiala e Sobá...

Oluxum, Inaiê, Janaína e Iemanjá...
São rainhas do mar!"

Todo mundo dizendo que hoje é dia de Iemanjá e eu aqui, longe do mar... Covardia. Bom, podemos considerar que o mar veio até mim no sentido vertical, do céu ao chão, uma vez que CAI UM TORÓ DAQUELES neste exato momento aqui na paulicéia.

O negócio é manter o humor.

Quem estiver perto do mar, mergulhe e dê um "alô" respeitoso à rainha do mar por mim, please.