quarta-feira, 16 de junho de 2010

A Primeira Copa a Gente Nunca Esquece

A Primeira Copa a Gente Nunca Esquece OU A Melhor Companhia

Fiquei um pouco chateada ao me dar conta que veria o primeiro jogo do Brasil na Copa sozinha. Sozinha não, em ilustríssima companhia, a da minha filha. Mas confesso que não gostei de ter sido chutada pra escanteio pelo marido, que decidiu ver o jogo de estréia da seleção brasileira com os amigos do trabalho. Pra não cometer injustiça, digo que ele nos “convidou” a ir, na véspera, da seguinte forma: “tem gente que vai levar a família, mas é complicado pra você chegar lá com a Bruna, o metrô vai estar cheio, é tumultuado, muito longe”. Bem nítido que colocou todos os empecilhos para nos desestimular a fazer qualquer movimento naquela direção. Ok. Dormimos, mas acordei com aquele sentimento de solidão que bate nestas horas em que todo mundo se junta com alguém em algum lugar pra ver o Brasil entrar em campo e você se dá conta de que deve ser o único brasileiro que não tem pra onde ir. Logo eu, super festeira, animada pra bagunça, não ia ter com quem compartilhar, afinal, ainda não tenho amizades de trabalho tão íntimas por aqui e a família está distante (tenho um casal de primos aqui, mas eles têm os compromissos deles, a turma deles; além de morarmos bem distantes).

Mas ao acordar, decidi então que teria um ótimo dia com a filhota e que aproveitaria a parada do país para ficar com a Bruna. Avisei na creche que nem ia levá-la, deixei-a dormir até a hora que quis e, enquanto isso, trabalhei um pouquinho. Brincamos na cama quando ela acordou, a farra começou. Tomamos café da manhã e banho juntas. Pusemos muitas roupas para aplacar o frio de SP e fomos à rua pegar um solzinho. Ela brincou na área de lazer aqui perto e depois foi comigo ao mercado. Voltamos para almoçar e enquanto ela via desenhos, eu consegui trocar mais alguns e-mails, resolver uma coisa ou outra pelo computador. Alguns minutos antes do jogo começar, eu já estava ensaiando com ela. Fizemos muito barulho, batendo pás e panelinhas, baldes, todos os brinquedos dela que podiam virar percussão, gritando “Brasil! Brasil!” E muitos gritos de “goooolll!!!” Bruna entrou no clima e estava animada com a agitação provocada por mim. Achou tudo muito divertido. Ria, dançava e pulava. O jogo começou e continuamos a fazer nosso barulho e farra. Depois de uns minutos de apreensão e tédio com o jogo ruim e sem gols, Bruna resolveu a questão: foi no quarto apanhar a sua bola e começamos nós duas a jogar, quase como se ela dissesse “ah, esse jogo aí tá ruim, vamos fazer o nosso que é melhor”. No intervalo preparei pra ela um suco de laranja natural e pipoca pra nós duas. Como continuamos a farra com a bola, acabamos fazendo um golaço antes do Brasil: acertamos o balde de pipocas e fizemos uma lambança fenomenal na sala! Saíram os gols e a Bruna resolveu imitar o barulho das buzinas que ouvimos daqui. “Bi bi fón fón” Nos últimos minutos, estávamos já cansadas da farra, assistindo ao jogo deitadas no sofá, agarradinhas. Depois do jogo eu arrumei a bagunça enquanto ela dormia e fiquei pensando o quanto foi divertido e gostoso ficar sozinha com ela pra ver o jogo. Tem melhor companhia no mundo?

Quando o pai chegou, ela deu logo os “instrumentos de percussão” pra mostrar a ele como torcer e mostrou como gritar “gol” e “Brasil” com as mãos pra cima. Ao final do nosso dia, no meu momento de oração (sim eu faço isso!), me senti grata. Ao mesmo tempo em que eu sofro com a falta de independência e me incomodo muito com a lentidão natural que se leva para se sair dessa situação, de forma empreendedora, tendo que reconstruir uma carreira após dois anos fora do mercado e chegando num mercado de trabalho novo, ainda por cima sem nenhum apoio ou suporte; eu me sinto muito feliz de poder ter as rédeas dos meus horários e poder tirar um dia para pular, cantar, gritar, fazer bagunça e torcer pro Brasil com a minha filha.

Eu não sei se ela vai lembrar da sua primeira Copa do Mundo quando crescer, afinal é ainda muito pequena (2 aninhos recém-completados), mas eu não vou esquecer jamais da Primeira Copa do Mundo com a Bruna.

2 comentários:

  1. Ai, que gostoso ler esse relato. Era como se eu estivesse aí vendo toda a bagunça... Lembro da minha Copa de 1994, quando assistia os jogos com a minha mãe e irmã (meu pai não é chegado a futebol) comendo amendoim torrado em todas as partidas, para não quebrar a corrente. Nenhum jogo que assisti esse ano foi tão divertido quando o seu. Beijos.

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  2. Oi Jackie! Que legal, fico feliz de ter trazido boas memórias. :-) Beijo!

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