sábado, 15 de maio de 2010

Cebolas e afetos

Tenho cheiro de cebola nas mãos
Com graça enfeito
A comida daquele
com quem me deito

Tenho cheiro de cebola nas mãos
Temperos
Pequenas porções como forma
De afetos

Tenho cheiro de cebola nas mãos
Rotina
O desafio diário de agradar
Que não me anima

Tenho cheiro de cebola nas mãos
Suor
E força nos pés
Que me movem para longe da solidão

Tenho cheiro de cebola nas mãos
E um tédio
Tedioso desejo diário
De não tê-lo

Tenho cheiro de cebola nas mãos
E um gosto azedo na garganta
Um engasgo reprimido
Talvez devesse ter dado o grito

Tenho cheiro de cebola nas mãos
E uma vontade a me esperar
Tenha cuidado
Posso lhe devorar

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