domingo, 7 de março de 2010

Museus modernos?



Se alguém que me lê não sabe, eu sou museóloga. Sim, esta é a minha formação. Bizarra, pensam alguns, ainda. Fazer o quê?

Museus sempre fizeram parte da minha vida. Comemorei muitos aniversários, ainda criança, no Parque da Cidade do Rio de Janeiro, com obrigatórias - por MINHA insistência - visitas ao Museu da Cidade. E sempre frequentei estes espaços de memória, fosse em passeios e viagens com meus pais na infância ou depois.

E sempre me diverti e curti muito estes passeios.

Hoje, com as novas tecnologias e a arte propondo a interação do espectador, com as novas formas de comunicação que aceleraram o tempo da gente, os museus se sentem na obrigação de mudar e acompanhar a vida contemporânea. Concordo que seja necessário: museus não devem parar no tempo; "a vida não pára". E museus vivos devem caminhar junto, se modernizar sim. Eu mesma sou fã de exposições interativas em que arte ou história e tecnologia se integram e nos integram no conteúdo da mostra.

Mas é preciso um certo cuidado. Pirotecnias podem transformar exposições em cenário. E isso pode confundir o público. Afinal, ele saiu de um espetáculo de ficção ou ele saiu de um museu com informações reais de alguma vida, tempo ou espaço? Existe uma tendência ao exagero e, como em tudo na vida, é preciso equilíbrio. As intervenções de cenógrafos, curadores, arquitetos, iluminadores precisam ser focadas no conteúdo da mostra e servir a este fim e não ser uma atração à parte, um elemento a se destacar e desviar o foco do tema exposto.

Provocar a interação do espectador é fundamental para que ele, ao participar, absorva o tema com mais facilidade, de forma mais natural e tenha mais prazer em estar ali. Mas interação por interação é coisa para parque de diversões. O exagero transforma exposição em cenário, como eu disse acima. Conteúdo vira historinha e a impressão que fica é a de que você foi ao teatro, ao cinema 3D, ao parque e o que viu, leu, mexeu é apenas um conto, uma ficção.

Devagar com o andor.

OBS: foto tirada por mim (com meu iphone) de obra de Céleste Boursier-Mougenot apresentada no final de 2009 na Pinacoteca de SP em excelente mostra de arte.

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